domingo, 1 de dezembro de 2013

DESCRIÇÃO E AUDIODESCRIÇÃO



A áudio-descrição, recurso que consiste na tradução de imagens em palavras escritas ou oralizadas, é uma tecnologia assistiva que busca principalmente a inclusão e o empoderamento da pessoa com deficiência visual, contudo este recurso pode ampliar as possibilidades de inserção social e acesso à informação/comunicação das pessoas com deficiência intelectual, disléxicos e idosos em diversos contextos sociais: cinema, teatro, programas de televisão etc. (LIMA; TAVARES, 2010). O objetivo primeiro do gênero textual áudio-descrição é pois o de buscar promover o empoderamento de pessoas com deficiência e alargar as possibilidades de inclusão social para as pessoas que se encontram excluídas, total ou parcialmente da experiência audiovisual. O empoderamento constitui o processo pelo qual indivíduos, organizações e comunidades angariam recursos que lhes permitam ter voz, visibilidade, influência e capacidade de ação e decisão (HOROCHOVSKI; MEIRELLES, 2009, p.486). O empoderamento é a palavra motriz que distingue as descrições antes ofertadas à pessoa com deficiência visual e a áudio-descrição a qual pode ser compreendida como uma descrição regrada, adequada a construir entendimento, onde antes não existia, ou era impreciso; uma descrição plena de sentidos e que mantém os atributos de ambos os elementos, do áudio e da descrição, com qualidade e independência (LIMA et al., 2009). A áudio-descrição implica em oferecer aos usuários desse serviço as condições de igualdade e oportunidade de acesso ao mundo das imagens, garantindo-lhes o direito de concluírem por si mesmos o que tais imagens significam, a partir de suas experiências, de seu conhecimento de mundo e de sua cognição.( p. 3). Na esteira do entendimento acerca da distinção entre a descrição e a áudio-descrição, situa-se a intencionalidade da segunda em tornar acessível para a pessoa com deficiência visual o que não está disponível, através do tato, ou, imediatamente, pela fonte sonora natural do material. A áudio-descrição é conceitualizada, como vimos, como técnica de tradução e/ou recurso assistivo, mas, numa crescente, encapsula e transcende tais denominações, quando essencialmente ocorre em resposta ao respeito aos direitos das pessoas com deficiência, e demais indivíduos que dela queiram se utilizar; é marcada por uma necessidade sociocomunicativa, registrada numa forma textual específica, embora não seja estanque, e situada num propósito comunicativo vinculado a constituição de uma sociedade de todos; é direito constitucional. (TAVARES et. al, 2010). Na escola, ao utilizar este gênero tradutório, o professor busca garantir aos alunos com deficiência o empoderamento, o direito a informação e a comunicação; propiciando a participação em igualdade de condições e dignidade no contexto escolar.
A áudio-descrição é um empreendimento formativo, uma ferramenta pedagógica acessível e a chave para seu uso vai além da boa vontade para o aprender e o executar, envolve o reconhecimento de que o aluno cego ou com baixa visão é capaz de produzir imagens a partir de fontes que não a informação visual. Neste caso, reconhece-se que o aluno com deficiência visual tem a capacidade de produzir imagens a partir de fontes auditivas, ou seja, de vivenciar um processo em que as imagens são transformadas em código verbal e o verbal transformado em visual interno, imagético, processo que ao ser vivenciado pela pessoa cega congênita será chamado na literatura de representação mental.
A descrição, no latim descriptione, é definida no dicionário Michaellis (2002, p.245) como:
1- Ação ou efeito de descrever. 2- Lit Tipo de composição que consiste em enumerar as partes essenciais de um ser, geralmente adjetivas, de modo que o leitor ou ouvinte tenha, desse ser, a imagem mais exata possível. 3- Enumerações das qualidades ou caracteres (de animal ou pessoa). 4- Enumeração, relação. Já a áudio-descrição (AD) é compreendida como um serviço cujo alvo são as pessoas cegas ou com baixa visão, o qual é caracterizado por “uma narração adicional que comunica vestimentas, linguagem corporal, e piadas visuais numa apresentação visual” (LIMA3, 2010). Assim, as descrições concisas e objetivas inseridas entre partes do diálogo ou canção ajudam os ouvintes a entender importantes elementos visuais.
Veja um exemplo de como você pode descrever as tirinhas para os alunos cegos ou com baixa visão:






OUÇA AQUI O ÁUDIO DA TIRINHA 5 ou leia em texto logo abaixo.

SUPER NORMAIS – O PODER DA DIFERENÇA.

Descrição: A tirinha de 11/12/2012, em preto e branco, com 3 quadros, tem como cenário uma grande cidade; e dois jovens cadeirantes, uma moça e um rapaz, como personagens. Ela com os cabelos longos e lisos, ele com cabelos curtos.
No quadrinho 1, a frase: Uma linha tênue separa dois mundos, e o desenho de uma folhinha voando com uma linha curva acompanhando seu movimento no ar, sobre calçada onde está uma placa de trânsito, com arranha-céus ao fundo.
No quadrinho 2, a frase: Uma história de amor inacessível…, com destaque para a calçada e a placa de trânsito no meio da grande cidade.
No quadrinho 3, a frase: 20 centímetros evitam o beijo no meio-fio, e o desenho da jovem cadeirante parada na beira da calçada, de perfil, olhando para baixo, na rua, onde está o jovem cadeirante, de frente para ela.

Audiodescrição: VER COM PALAVRAS.
Narração: Marcelo Sanches.
Tirinha disponível em: 

REFERÊNCIAS: 
 
Disponível em:  http://www.lerparaver.com/lpv/audio-descricao-caminho-acessibilidade-igualdade Acesso em: 01/12/2013.
LIMA, F.J.; LIMA, R.A.F., VIEIRA, P. A. M. O Traço de União da Áudio-descrição: Versos e Controvérsias, Vol. 1. Revista Brasileira de Tradução Visual (RBTV) 2009. Disponível em < http://www .rbtv. associados dainclusao .com.br/index.php/. > Acesso em dezembro de 2013.






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